01 COMEÇA À BRUTA
02 TROPEÇA
03 SACODE A POEIRA
Costuma-se dizer que os empreendedores tem caractristicas especiais. Como se um dia acordasses com uma iluminação qualquer e tudo se tornasse claro: a tua missão, o teu talento, o teu lugar no mundo.
Na realidade, o que acontece é mais simples e mais cru: começas porque estás farto. Farto de trabalhar para os outros, farto de não seres ouvido, farto de desperdiçar tempo e energia em algo que não te diz nada. Às vezes, começas só porque sentes que tens de tentar fazer diferente — mesmo sem saber exatamente o quê.
Montar um negócio raramente começa por inspiração. Começa por frustração. Começa com uma ideia vaga, um empurrão emocional, uma vontade de não continuar como estás. Não é bonito, não é calmo, não é seguro. É meio improvisado, meio desesperado, mas incrivelmente verdadeiro.
O problema é que nos ensinaram que para criar algo teu precisas de estar pronto. Com um plano de negócios, com um logo, com um propósito definido e, se possível, com um investidor atrás. Isso pode acontecer, claro. Mas a maioria das pessoas que conheço começou muito antes de ter tudo isso. Começou com o que tinha — e isso era quase nada.
Na prática, começas com dúvidas. Começas com medo. Começas com a noção de que podes estar a cometer um erro. Mas, mesmo assim, começas. E esse é o momento que muda tudo.
Muitas pessoas ficam à espera. Do momento certo, do sinal certo, da pessoa certa que lhes diga “vai”. Mas a verdade é que ninguém sabe quando é o momento certo. Não há certezas. Há vontade. E há ação. O resto vem depois.
Montar um negócio não exige certezas. Exige movimento. Exige que te levantes, que te mexas, que cries qualquer coisa — mesmo imperfeita, mesmo inacabada. Só assim consegues perceber o que vale a pena continuar, e o que é para deixar cair.
E sim, vais errar. Vais corrigir. Vais ajustar. Mas pelo menos estás a avançar. Estás a experimentar. Estás a viver um processo que é teu, e isso já vale tudo.
Montar um negócio não é um chamamento divino.
É uma escolha humana, às vezes feita de impulso, de desespero ou de curiosidade.
Mas é tua. E isso basta para começar.