Estreio a nova rubrica Labs com algo que andava a precisar: um canto para criar sem regras, sem briefings, sem prazos, sem aquele peso invisível de “isto tem de resultar”. Aqui, vale tudo. Inclusive fazer coisas só porque me apetece — o que, convenhamos, é um luxo nos dias de hoje.
O primeiro projeto chama-se “No More Likes Please” e é uma crítica aberta à sociedade obcecada por likes, views, corações, estrelinhas, emojis e palmadinhas digitais nas costas. É um apelo para voltarmos a criar sem pensar nos números, sem medir o nosso valor pelo algoritmo, sem aquela ansiedade crónica de “será que gostaram? será que viram? será que partilharam?”.
Agora, sejamos honestos: eu próprio faço isto todos os dias. Para mim. Para os meus clientes. Para qualquer projeto onde o briefing, mesmo que não esteja escrito, tem sempre lá uma linha invisível que diz: “Queremos likes, muitos likes, queremos likes até cair a internet.”
Portanto, sim, estou a criticar uma realidade da qual eu sou cúmplice. Critico de manhã, aplico de tarde, otimizo de noite e durmo sobre campanhas pagas ao pequeno-almoço.
Afinal, vivemos todos neste lindo paradoxo: queremos autenticidade… mas que performe bem. Queremos liberdade… mas que converta. Queremos ser genuínos… mas também queremos que o post rebente e chegue à boca do mundo em três cliques.
É nesta dança ridícula que andamos todos. Uns com mais vergonha do que outros — eu incluído.
No More Likes Please é só isso: um lembrete (para mim, para ti, para quem quiser) de que às vezes criar deveria ser só criar. Sem scroll. Sem métricas. Sem obsessões.
(Atenção: se gostaste mesmo, deixa aí um like, claro. Não sejas má pessoa.)
Bem-vindos ao Labs. Aqui dentro não há objetivos de performance. Só liberdade criativa… e um bocado de sarcasmo mal resolvido.