Quando estás a construir algo teu, há uma fase em que dizes “sim” a tudo.

Aceitas qualquer cliente.
Aceitas qualquer proposta.
Aceitas prazos absurdos, condições injustas, e até ideias com as quais nem concordas.

Porque estás a começar.
Porque precisas de dinheiro.
Porque tens medo de parecer ingrato ou arrogante.
Porque achas que recusar é desperdiçar oportunidade.

Mas a verdade é que, muitas vezes, o que estás a desperdiçar… és tu.
O teu tempo.
A tua energia.
O teu foco.
A tua sanidade.

Dizer sim a tudo pode parecer generosidade ou humildade.
Mas na prática, é desorganização emocional.
É falta de critério.
É medo de desagradar.

E quando dás por ti, estás atolado em tarefas que não fazem sentido.
Preso em parcerias que te sugam.
E a trabalhar com pessoas que não alinham com a tua visão — só com a tua agenda.

Saber dizer que não é um divisor de águas.
É o que marca a transição entre “estou a tentar sobreviver” e “estou a construir algo com consciência”.

Mas não é fácil.

Dizer que não implica desiludir.
Implicar perder alguma coisa.
Implica confiar que há mais — mesmo quando não sabes o quê.

É um treino.
Mas quanto mais praticas, mais claro se torna aquilo a que vale mesmo a pena dizer sim.

E há uma coisa curiosa:
Quando começas a dizer “não” com convicção, o teu “sim” passa a valer muito mais.
Porque vem de um lugar de escolha — não de desespero.

Aprende a dizer não.
Ao projeto que não te entusiasma.
À reunião que não serve para nada.
Ao cliente que quer pagar pouco e pedir muito.
À ideia que não faz sentido para ti — mesmo que funcione para os outros.

Dizer que não não é fechar portas.
É abrir espaço.